Para cientista, o país está sob o domínio da política do ‘eu quero o meu’
Para o professor Alberto Aggio, da Universidade Estadual de São Paulo, o governo e o PT são parte desse sistema
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Diante de um orçamento apertado, o Congresso está em vias de aprovar a PEC do Quinquênio, que vai engrossar aumentar as despesas em estimados 42 bilhões de reais em vantagens que serão pagas a juízes e outras categorias do serviço público. Reportagem de VEJA desta semana mostra este descompasso com o mundo real. No município baiano de Dias D’Ávila, por exemplo, os professores foram “agraciados” com um reajuste salarial de inacreditáveis 46 centavos. Para o cientista político Alberto Aggio, da Universidade Estadual Paulista, os setores mais organizados têm prev🧔alecido cada vez mais na definição do Orçamento, inclusive porque atores políticos importantes do passado perderam força. Para ele, o próprio PT não tem mais a capacidade de articular com segmentos da sociedade para tentar democratizar o Orçamento. Essa é a realidade. E o governo Lula é parte dela.
O Senado pode aprovar uma lei que vai destinar 42 bilhões a juízes e outras categorias. Enquanto isso, na Bahia, os professores recebem aumento de 46 centavos. Qual a razão dessa disparidade? Os setores mais organizados, com peso estrutural no estado brasileiro, como o Judiciário, acabam mostrando sua força nessa dinâmica da montagem orçamentária. Mesmo um partido como o PT e lideranças como o Lula não conseguem mais cimentar acordos como faziam antes. Quem fez a carreira política valorizando associativismo, o mundo dos interesses, como o Lula e o P🎶T, n&a𓂃tilde;o conseguem mais controlar isso, a não ser fazendo alianças.
O governo e o PT, então, são reféns desse sistema? Lula e o PT são obrigados a fazer alianças com o presidente da Câmara, esportiva bet:Arthur Lira, e com todos os interesses qu🌼e ele representa. Caso não faça essas alianças, Lula pode seguir um caminho igual ao da então presidente Dilma Rousseff, que se isolou 🎃e sofreu impeachment. Mas não reféns. As coisas não estão difíceis para o presidente Lula porque o mundo é mau, mas porque Lula participou da construção desse mundo, do qual ele faz parte. Um sociólogo do Rio de Janeiro disse que o Lula ‘está sendo acossado pela Faria Lima’. Não, o Lula não está sendo acossado pela Faria Lima, pelo Judiciário, pelo Arthur Lira. Ele é parte desse mundo.
O senhor vê alguma perspectiva de mudança nesse cenário? O Brasil está desafiado a enfrentar um momento de reestruturação da dinâmica da sociedade com o Estado. O PT perdeu o controle disso, não mostra mais para a sociedade capacidade para fazer isso. O partido não tem novas lideranças. Aliás, as lideranças que tentam emergir vivem sob a batuta do presidente. Veja o que o Lula fez com o ministro da Fazenda, esportiva bet:Fernando Haddad, que foi cobrado em púb🅘lico. O PT envelheceu, é um partido de cabeças brancas.
Qual é a consequência disso na prática? A partir do momento em q𒉰ue há uma incapacidade de administração do grande ator democratizador, que é o presidente, o que fica é a marca do PT, na qual o interesse do partido é o que prevalece. Na democracia lulista, o meu interesse vale tudo. Se o meu interesse vale tudo, é legítimo o que fazem os homens do Judiciário, por exemplo. É a política do ‘eu quero o meu’. O governo Lula é uma barafunda, e só não está pior porque as circunstâncias econômicas melhoraram — em termos. O emprego aumentou, mas todo mundo sabe que isso não pode ser consi﷽derado nem um voo de galinha.