Mulheres ainda têm baixa representatividade na política
Apenas 16% dos vereadores do país são mulheres e mais da metade das cidades brasileiras não tem nenhuma mulher negra na Câmara Municipal
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Neste ano, teremos eleições municipais e os dados são “alarmantes”, segundo o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea). Levantamento feito pela organização em relação aos números das últimas eleições municipais (2020) apontam que as mulheres representam apenas 16% dos vereadores do país. Somente 13% dos municípios brasileiros têm uma mulher como prefeita e nenhuma capital é comandada por mulher.
Quando se faz o recorte racial, a situação é ainda pior. Mulheres negras são 6% do total de vereadores e estão em 4% das prefeituras do país, o menor grupo nesse cargo; 53% das cidades brasileiras não têm nenhuma mulher negra na Câmara Municipal.
As mulheres são a maioria do eleitorado (52,6%) no Brasil e seu voto tem sido considerado decisivo nas eleições. Campanha coordenada pelo Cfemea e pela Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh) para o pleito eleitoral de 2022, denominada “&r👍dquo;, chamou a atenção para a necessidade de superar a baixa representatividade das mulheres na política, contribuindo para uma democracia maisꦰ representativa.
“As candidaturas das mulheres ainda são subfinanciadas”, critica Isabel Freitas, assessora técnica do Cfemea, em entrevista a esta coluna. “Foi aprovado um fundo eleito☂ral bilionário para as eleições mu꧋nicipais deste ano e ele precisa ser democratizado”, afirma. Segundo ela, é necessário que haja justiça na distribuição desses recursos. Ou seja, eles também devem contemplar as mulheres, especialmente as negras, e populações quilombola, indígena, LGBTQIAP+, entre outras.
Além de recursos, para aumentar a representatividade das mulheres na política, a especialista acredita que os partidos precisam dar às candidatas as ferramentas necessárias para que elas tenham sucesso nas eleições, como tempo de TV e de rádio e materiais de divulgação de qualidade.Em tempos de fake news e de ataques gratuitos, Isabel também considera importante que os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) façam campanhas de conscientização e informação sobre violência política, abrindo possibilidade🐭s para que as mulheres e outros grupos historicamente marginalizados dos processos de representatividade eleitoral possam denunciar esses casos. “Essas candidaturas precisam saber onde denunciar,🎶 além de ter a garantia de investigação, rápida apuração e responsabilização de quem pratica esse tipo de violência”, diz.
Em 24 de fevereiro de 2024, o voto feminino completou 92 anos. Quase um século depois, a luta continua.* Jornalista e diretora da Cross Content Comunicação. Há mais de três décadas escreve sobre temas como educação, direitos da infância e da adolescência, direitos da mulher e terceiro setor. Com mais de uma dezena de prêmios nacionais e internacionais, já publicou diversos livros sobre educação, trabalho infantil, violência contra a mulher e direitos humanos.